Shira Eting, fala sobre os desafios femininos
A Universidade de Haifa, em parceria com o grupo de Liderança e Networking, ELF/Fisesp, promoveu um webinar com Shira Eting, que contou sobre sua experiência ímpar no exército de Israel.

Shira, que além de ser instrutora de voo, também pilota helicópteros de combate, iniciou o evento online cravando que as diferenças de gêneros são reais: ‘’homens e mulheres não são iguais e temos de agir para melhorar esta situação’’.
Ela reforçou que o fato não é culpa exclusiva de ninguém, mas que o sistema funciona assim por anos.
Para ela, a questão chave que envolve a diferença de gêneros, principalmente em locais como o exército de Israel, requer uma mudança iminente de comportamento.
Ela exemplificou o abismo de diferenças: entre 1998 e 2020, 62 mulheres se graduaram no exército de Israel, em contrapartida a 1800 homens se formando – foram 2 ou 3 meninas, em um grupo de 40 cadetes.
Ou seja, neste período, as mulheres representaram aproximadamente 3% do contingente.
Shira reforçou: ao longo dos anos, a situação não melhorou.
Para efeitos de comparação, ela mostrou a porcentagem de mulheres que se formam na Academia da Nasa.
Por lá, nos EUA, elas chegam a 40% do time.
Para a piloto e instrutora, muitos fatores contribuem para que poucas mulheres busquem o exército em Israel.
Segundo Shira, falta motivação, pois as mulheres são menos confiantes e, além disso, têm dificuldade em lidar com a solidão que acompanha os anos de formação.
E frisou que também sofrem desde pequenas com uma educação que ressalta as tradicionais diferenças de gêneros.
‘’Há um fator da legislação local, já que os homens não podem abandonar o serviço militar, enquanto as mulheres podem’’, completou Eting.
Para a instrutora, há também barreiras mais enraizadas que acabam interferindo na baixa adesão: não existem vestuários femininos e o comportamento do exército em geral é mais calcado no machismo estrutural.
‘’Homens não podem chorar e mulheres choram, sendo assim consideradas mais frágeis. Isso atrapalha o contrabalanço de gêneros’’.
Ao final do evento, Shira lançou um alerta: ‘’para que esta situação mude, precisamos abrir as nossas cabeças e pensar de uma maneira mais profunda, a longo prazo’’.
Ela ainda lembrou que há a questão relacionada à maternidade, que não precisa ser necessariamente um impedimento para que mulheres avancem na carreira.
Para Shira, ‘’as mulheres, além de gestar e amamentar, também podem ser responsáveis por formar novas gerações com uma nova mentalidade, mais aberta.
E os homens, para que a equação do equilíbrio feche, podem ajudar mais nas tarefas domésticas, em um esforço conjunto’’.
O webinar, promovido pela Universidade de Haifa Brasil pode ser visto