Fernando Henrique Cardoso participa de debate memorável com o rabino Michel Schlesinger
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou nesta quinta-feira 14 de maio, de um memorável debate online com o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP).

Com tradução em libras e transmissão ao vivo pelo site www.cip.org.br/aovivo e redes sociais Facebook e YouTube, essa edição do Dilemas Éticos teve como tema: "Brasil no enfrentamento de desafios reais e crises desnecessárias" e contou com audiência recorde e grande participação do público.
Presidente da República por dois mandatos consecutivos (1995 a 2002), Fernando Henrique Cardoso, que é presidente da Fundação que leva seu nome, falou abertamente sobre diversos assuntos, tais como o impacto da pandemia e do isolamento, a democracia no Brasil, a crise na saúde e na política, a mudança no equilíbrio do mundo, o crescimento da extrema direita e dos movimentos ultranacionalistas, além de temas polêmicos com a legalização do aborto e da maconha
"É importante lembrarmos do passado.
Após a 2a Guerra Mundial, graças à criação da ONU, de blocos regionais e da declaração universal do homem, nunca mais se teve um conflito naquelas proporções. "Eu temo que a gente esqueça.
Não esquecer é uma tendência hoje.
Essas tendências de primeiro eu, depois eu e depois eu, são negativas.
A produção, hoje, é em grande escala.
Precisamos do outro. Precisamos do mercado.
É importante ter base nacional, mas não pode ter egoísmo nacional", alertou.
Questionado sobre a volta de debates como legalização do aborto ou da maconha, FHC destacou que o Brasil vive momentos de intolerância, e destacou o perigo de políticos que se apresentam como "de direita" mas, na verdade, são atrasados.
"São debates difíceis por conta da intolerância.
É sempre bom ouvir o outro lado.
A despeito das dificuldades, essas pautas são importantes".
FHC também compartilhou momentos importantes de sua trajetória, os países onde viveu, sua viagem a Israel e os encontros com grandes líderes, entre eles, Bill Clinton, George Bush, Nelson Mandela e Shimon Peres, entre outros.
"O mundo judaico é mais próximo do cristianismo do que o islâmico, mas isso tem que nos levar a tentar que não haja desentendimentos, mas pontes", ressaltou ao ser questionado a respeito da relação do governo Bolsonaro com Israel.
"É muito difícil ser o presidente da República em um país com 200 milhões de habitantes.
Você tem que saber ouvir, dar ordens não vai funcionar.
É preciso saber conviver com a diferença, agir com sabedoria , estar disposto a convencer e ser convencido, pois o líder é líder de todos.
O momento atual exige grande sensibilidade.
Precisamos unir esforços e trabalhar para o fortalecimento da sociedade", ponderou FHC.
"Fiquei muito emocionado em conversar com uma personalidade que sempre admirei desde criança.
FHC é um humanista lúcido e comprometido com a democracia.
O judaísmo é marcado pelo debate, pela convivência com diferentes ideias e diferentes respostas para as mesmas perguntas e foi memorável poder contar com a participação do nosso ex-presidente nesta edição do Dilemas Éticos", concluiu o rabino Michel Schlesinger.
Para Mario Fleck, presidente da CIP, "o programa "Dilemas Éticos" traz sempre uma conversa sobre ética no ponto de vista judaico e no universal tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como o rabino Michel Schlesinger foram mestres neste episódio em realizar esta análise conversando sobre seus profundos aspectos".
O evento Dilemas Éticos é uma realização da Congregação Israelita Paulista (CIP) e contou com o patrocínio de: Itaú-Unibanco, CSN, Bemol, GR Segurança, Focus Energia, Helbor e Rosset e apoio da Unibes Cultural e Lei Federal de Incentivo à Cultura.