A necessidade da correta definição.
por Ariel Krok

No inicio do ano 2000 foi realizado o Fórum Internacional de Estocolmo sobre o Holocausto que resultou na “Declaração de Estocolmo”.
Este encontro aconteceu entre os dias 27 e 29 de Janeiro de 2000 após a convocação do ex-primeiro-ministro sueco Göran Persson e contou com a presença de representantes de 46 governos, incluindo; 23 Chefes de Estado ou Primeiros-ministros e 14 Vice-primeiros-ministros ou Ministros.
A Declaração afirma, “Com a humanidade ainda marcada por… antissemitismo e xenofobia, a comunidade internacional compartilha a responsabilidade solene de lutar contra esses males”, foi o documento fundador da International Holocaust Remembrance Alliance – IHRA, e continua a servir como uma afirmação contínua do compromisso de cada país membro da IHRA com princípios compartilhados.
Em 2015 o comitê sobre Antissemitismo e Negação do Holocausto convocou a Plenária da IHRA e em 26 de maio de 2016 o Plenário em Bucareste decidiu adotar a seguinte definição de antissemitismo:
“O antissemitismo é uma certa percepção em relação aos judeus, que pode ser expressa como ódio aos judeus. São as manifestações de antissemitismo, retóricas e físicas, dirigidas a indivíduos judeus ou não judeus e/ou suas propriedades, contra instituições da comunidade judaica e instalações religiosas. ”
O antissemitismo frequentemente acusa os judeus de conspirar para prejudicar a humanidade, e costuma ser usado para culpar os judeus do “porque as coisas dão errado”.
É expresso na fala, na escrita, nas formas visuais (na web, em mídias sociais, blogs, fóruns) e nas ações e emprega estereótipos sinistros e traços de caráter negativos especificamente contra judeus.
Exemplos contemporâneos de antissemitismo na vida pública, nas mídias, nas escolas, no local de trabalho e na esfera religiosa podem incluir, mas não estão limitados a:
Exigir, ajudar/financiar ou justificar a morte ou dano à judeus em nome de uma ideologia radical ou uma visão extremista de uma religião.
Fazer alegações mentirosas, desumanizantes, demonizadoras ou estereotipadas sobre os judeus como tais ou o poder dos judeus como coletivos – como, especialmente, mas não exclusivamente, o mito sobre uma conspiração judaica mundial ou de judeus controlando a mídia, economia, governo ou outras sociedades e instituições.
Acusar os judeus como um povo de serem responsáveis por delitos reais ou imaginários cometidos por um único judeu ou em grupo, ou mesmo por atos cometidos por não judeus.
Negar o fato, escopo, mecanismos (por exemplo, câmaras de gás) ou intencionalidade do genocídio do povo judeu nas mãos da Alemanha Nacional Socialista e seus apoiadores e cúmplices durante a Segunda Guerra Mundial (o Holocausto).
Acusar os judeus como um povo, ou Israel como um Estado, de inventar ou exagerar o Holocausto.
Acusar os cidadãos judeus de serem mais leais a Israel, ou às supostas prioridades dos judeus em todo o mundo, do que aos interesses de suas próprias nações.
Negar ao povo judeu seu direito à autodeterminação, por exemplo, alegando que a existência do Estado de Israel é um esforço racista.
Aplicar padrões duplos, exigindo de comunidades judaicas e/ou Israel um comportamento não esperado ou exigido de qualquer outro grupo ou nação.
Usar os símbolos e imagens associados ao antissemitismo clássico (por exemplo, alegações de judeus matando Jesus ou o “libelo de sangue”) para caracterizar judeus, Israel ou israelenses.
Traçar comparações da política israelense contemporânea com a dos nazistas.
Responsabilizar os judeus coletivamente pelas ações do Estado de Israel.
Ficou ainda definido que os atos criminosos são antissemitas quando os alvos dos ataques, sejam eles pessoas ou propriedades – como edifícios, escolas, locais de culto e cemitérios – são selecionados porque são, ou se consideram, judeus ou ligados a judeus.
E entende-se por discriminação antissemita, a negação aos judeus de oportunidades ou serviços disponíveis para outros.
Entre tantas declarações de chefes de Estados sobre a definição, o Presidente Suíço Didier Burkhalter, como Presidente em exercício da OSCE, disse que é “um documento útil para governos e sociedade civil, explicando como o antissionismo é frequentemente usado como uma máscara para o antissemitismo, e as comunidades judaicas são frequentemente alvos de animosidade anti-Israel. ”
Há que se deixar muito claro que criticas ao Estado de Israel, feitas assim como as criticas à qualquer outro Estado, não pode ser considerado antissemitismo, desde que não incorra em deslegitimação, ou seja a negação do direito de existir como Estado, em demonização de seu governo, instituições e população, e em double-standard, a exigência de um comportamento não exigido para qualquer outro país.
Até junho de 2020 os seguintes países adotaram a Definição de Antissemitismo da IHRA: Argentina, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chipre, República Checa, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Moldávia, Holanda, Macedônia do Norte, Romênia, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Reino Unido e Uruguai.
É de suma importância a aceitação da definição da IHRA por parte de todos os países democráticos e de bem, mas sem a aceitação por parte das empresas de mídias sociais, grandes focos de ataques antissemitas, a abrangência fica prejudicada e o controle de postagens antissemitas fica arruinada.
Afim de evitar estar na contramão da historia, faz-se urgente a adoção por parte do Facebook e de todas as empresas controladoras de mídias sociais.
Só desta forma poderiam ficar lado-a-lado aos já vinte e seis Estados democráticos que declararam seu apoio e aceitaram a definição.