1801: Surge o judaísmo reformista
No dia 3 de julho de 1801, o negociante Israel Jacobson fundou uma escola religiosa na região alemã do Harz, dando início ao judaísmo reformista.

Quatro placas cimentadas no calçamento marcam a área do templo e um obelisco rememora a sua destruição:
a sinagoga de Seesen foi incendiada na noite do pogrom de 9 de novembro de 1938.
Muito antes, na sua inauguração há 200 anos, o templo fora palco de um fato histórico: o surgimento do judaísmo reformista.
No dia 3 de julho de 1801, o negociante Israel Jacobson recebeu do duque Wilhelm Ferdinand, de Braunschweig, a permissão de construir a Escola Religiosa e Industrial na cidadezinha de Seesen, na região do Harz.
O objetivo principal dessa escola era propiciar às crianças judias a formação geral e a educação dentro dos parâmetros morais burgueses, ao lado também de um treinamento profissional.
Aproximação entre judeus e cristãos
Elas não deveriam mais ficar presas apenas à profissão tipicamente judaica de comerciante.
Além dessa emancipação de cunho prático, Jacobson desejava fomentar o convívio entre judeus e cristãos, já a partir da infância.
Assim, apenas um ano após a sua criação, a escola de Jacobson começou a ser frequentada também por crianças cristãs.
Essa aproximação do judaísmo com o seu ambiente cristão era uma consequência dos escritos iluministas de Moses Mendelssohn – e foi adotada por Israel Jacobson também na configuração formal do culto religioso da sinagoga.
No templo da sua escola, foram celebrados os primeiros cultos judeus reformistas.
A denominação inicial de templo, em vez de sinagoga, já demonstrava a diferença em relação às igrejas judaicas tradicionais.
Jacobson introduziu a música de órgão, bem como o canto coral.
A prédica não era mais feita em hebraico e sim no idioma nacional, o alemão.
Foi eliminada a tradicional separação dos assentos de homens e de mulheres. Posteriormente, Jacobson substituiu até mesmo a tradicional cerimônia de Bar Mitzvah por uma cerimônia de confirmação da fé para meninos e meninas.
A cultura protestante do norte da Alemanha lhe serviu de modelo.
Os judeus não queriam mais viver à parte, mas sim mais integradas na sociedade e na religião.
Isto era manifestado também pela inscrição sobre a porta de entrada do templo de Seesen:
"Não temos todos nós um único pai? Não nos criou um único Deus?".
Expansão do movimento
O modelo de Seesen logo foi seguido pelas comunidades de Wolfenbüttel, Dessau e Frankfurt.
A partir de 1817, surgiu em Hamburgo até mesmo o chamado Movimento do Templo.
Em meados do século 19, após querelas entre as comunidades judaicas, uma grande parte dos reformistas mais resolutos emigrou para os EUA.
Nos Estados Unidos, o movimento reformista ganhou um novo impulso.
Sob a égide do rabino Isaac Mayer Wise, os paradigmas centrais de reforma do judaísmo americano foram formulados em fóruns públicos em Filadélfia e Pittsburgh.
Foi criado um breviário de grande aceitação, assim como o Hebrew Union College, um centro de formação de rabinos.
A maior parte dos judeus reformistas encontra-se nos EUA.
Em Israel, os reformistas são ativos, mas não reconhecidos oficialmente.
Isto é uma consequência do posicionamento dos judeus reformistas.
Antes do Holocausto, o judaísmo reformista era dominante também nas comunidades judaicas alemãs.
As comunidades fundadas depois de 1945 tiveram então uma orientação ortodoxa, pelo fato de a maioria dos seus integrantes ser de origem do leste da Europa.
Fonte DW